Amigos, só.

quinta-feira, 21 de março de 2013

Você é uma porra de um amigo, sabia? Fica aí, com seu romance na mão, fingindo que não está me escutando. Você diz que é de um francês, como se eu também não o tivesse lido. Senta no sofá, depois deita, depois fica em pé, tentando achar uma posição para me ignorar, ou para ler melhor, segundo o seu resmungo. Você dá uma de intelectual, mas pensa que eu não sei que adora o Dan Brown? Que fala que lê esses russos gregos franceses só para conquistar alguma adolescente que também finge-se de culta (seria melhor puta)? Pois eu sei. E não adianta enfiar a cara no livro, não. Sei que está envergonhado e que quer ir embora. Mas não pode, né? Eu sou a única otária que aceitou ser sua amiga. Talvez seja por você mesmo ser otário. Ah, não é por causa disso? Sim, sim, está sem companhia esta noite. A putinha da adolescente não caiu no teu papo. Então veio aqui me dar o prazer da sua companhia. Hahahaha. Tá bem, volta pro seu livro francês. Não vou contar que no final ela morre e o corno assume o papel do pai do filho do outro. Ué, não quer mais ler? Seu Radiguet parecia tão interessante. Na tv está passando aquele filme seu, O mentiroso, caso queira assistir já que o livro ficou chato. Ah, prefere aquele da primeira guerra que está passando no canal 5? Você é um falso do caralho. Não precisa ser assim comigo, meu bem. Sei que você babava nas aulas de história e nem sabe quem foi o arqueduque Ferdinando. Vai mesmo querer bancar o inteligente pra cima de mim? Você, que lê só as resenhas de livros tipo Guerra e Paz? Tira desse filme, tá? Bota n’O Tubarão, esse sim é um clássico. Se não quer ver vai embora, ué. Não tem tv e internet em casa? E um monte de amigos interessados no teu papo cabeça? Você é um chato! Vou esquentar uma pizza pra calar a sua boca. É até engraçado. O cara diz que me odeia mas não me deixa em paz . Cerveja ou refri? Que é, ficou magoado? Você que disse que me odiava, quem deve ficar chateada sou eu. Toma. Além disso, você vem aqui e só diz merda. Eu não tô de TPM, mas eu juro que a sua sensibilidade é pior que a de mulher. Homem pode ser sensível sim, mas sem exagero, por favor. Olha, assiste o filme. Ou vou me arrepender de ainda ser sua amiga. Ok, você também é meu único amigo, e daí? Ao contrário de você, sei viver sozinha. Para de rir, seu idiota. Não foi piada. E não me abraça. Tá, também te amo. Já vai? Sarau de leitura, é? Conheço muito bem esse tipo de sarau. FDP como sempre, claro. Então vai, mas deixa o livro. Se quiser compra o seu.

(21/03/13)



1 comentários:

  1. ficou bom mas dá p melhorar com alguns ajustes. como é 1 texto falado (ou pensado) dá p tirar algumas vírgulas, mesmo q estas estejam corretas. é difícil alguém na vida real, ainda + se estiver nervosa, falar com pausas (vírgulas).

    o uso do 'você' ficou legal tb p passar a raiva da narradora, mas acho q dá p cortar alguns deles p ñ soar repetitivo. esta é uma das minhas torturas, escrevo com excesso d pronomes e depois tenho q sair cortando tudo. faça o teste, conte qtos pronomes existem no seu texto e vai se assustar.

    no mais, suponho q no conteúdo vc inverteu alguns papéis da vida real aí, né? ficção d boa qualidade é justamente isso: observar coisas da sua vivência, transformá-las e produzir algo novo (melhor ou pior q o original), mas q mexa com o leitor.

    bjk

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