Meu eterno Namorado

segunda-feira, 25 de março de 2013


Poema da minha amiga Leidiane R. Barros


Palavras se perdem diante de tantas que poderiam expressar o que sinto
Em meus olhos há sonhos e planos desenhados... e uma vontade imensurável de te ver
Queria poder deitar-me sob o sol ao seu lado
E ver o céu descrever meu amor por ti
Livrando-me dos medos e coisas que me acovardam
Que me fazem pensar que um dia tudo isso será tirado de mim
Quando fecho os olhos é como se eu sentisse você aqui...
E que mesmo tanta distância não será capaz de me afastar deste amor
Porque quando você está longe, meu coração espera ansioso sua volta... espera enlouquecido por cada ligação, cada frase que dirá, meu amado...
Queria descrever em poucos versos as palavras que me diz o coração...
Que te espero desde o cair do dia até a última estrela que se apaga na outra manhã
Sinto dentro de mim um sentimento que não sei explicar
Que veio de algum lugar e invadiu minha alma...
Eu desejo que você seja meu, amado, para todo o sempre...
Meu único e eterno namorado.

Amigos, só.

quinta-feira, 21 de março de 2013

Você é uma porra de um amigo, sabia? Fica aí, com seu romance na mão, fingindo que não está me escutando. Você diz que é de um francês, como se eu também não o tivesse lido. Senta no sofá, depois deita, depois fica em pé, tentando achar uma posição para me ignorar, ou para ler melhor, segundo o seu resmungo. Você dá uma de intelectual, mas pensa que eu não sei que adora o Dan Brown? Que fala que lê esses russos gregos franceses só para conquistar alguma adolescente que também finge-se de culta (seria melhor puta)? Pois eu sei. E não adianta enfiar a cara no livro, não. Sei que está envergonhado e que quer ir embora. Mas não pode, né? Eu sou a única otária que aceitou ser sua amiga. Talvez seja por você mesmo ser otário. Ah, não é por causa disso? Sim, sim, está sem companhia esta noite. A putinha da adolescente não caiu no teu papo. Então veio aqui me dar o prazer da sua companhia. Hahahaha. Tá bem, volta pro seu livro francês. Não vou contar que no final ela morre e o corno assume o papel do pai do filho do outro. Ué, não quer mais ler? Seu Radiguet parecia tão interessante. Na tv está passando aquele filme seu, O mentiroso, caso queira assistir já que o livro ficou chato. Ah, prefere aquele da primeira guerra que está passando no canal 5? Você é um falso do caralho. Não precisa ser assim comigo, meu bem. Sei que você babava nas aulas de história e nem sabe quem foi o arqueduque Ferdinando. Vai mesmo querer bancar o inteligente pra cima de mim? Você, que lê só as resenhas de livros tipo Guerra e Paz? Tira desse filme, tá? Bota n’O Tubarão, esse sim é um clássico. Se não quer ver vai embora, ué. Não tem tv e internet em casa? E um monte de amigos interessados no teu papo cabeça? Você é um chato! Vou esquentar uma pizza pra calar a sua boca. É até engraçado. O cara diz que me odeia mas não me deixa em paz . Cerveja ou refri? Que é, ficou magoado? Você que disse que me odiava, quem deve ficar chateada sou eu. Toma. Além disso, você vem aqui e só diz merda. Eu não tô de TPM, mas eu juro que a sua sensibilidade é pior que a de mulher. Homem pode ser sensível sim, mas sem exagero, por favor. Olha, assiste o filme. Ou vou me arrepender de ainda ser sua amiga. Ok, você também é meu único amigo, e daí? Ao contrário de você, sei viver sozinha. Para de rir, seu idiota. Não foi piada. E não me abraça. Tá, também te amo. Já vai? Sarau de leitura, é? Conheço muito bem esse tipo de sarau. FDP como sempre, claro. Então vai, mas deixa o livro. Se quiser compra o seu.

(21/03/13)

O Pequeno Príncipe

terça-feira, 19 de março de 2013


Trechos selecionados do livro O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry


As flores são fracas. Ingênuas. Defendem-se como podem. Elas se julgam poderosas com os seus espinhos.
(pág. 28)


É preciso exigir de cada um o que cada um pode dar. (...) A autoridade se baseia na razão. Se ordenares a teu povo que ele se lance ao mar, todos se rebelarão.
(pág. 40)

Tu julgarás a ti mesmo (...). É bem mais difícil julgar a si mesmo que julgar os outros. Se consegues fazer um bom julgamento de ti, és um verdadeiro sábio.
(pág. 41)


– Onde estão os homens? – tornou a perguntar o princepizinho – A gente se sente um pouco só no deserto.
– Entre os homens a gente também se sente só - disse a serpente.
(pág. 60)


– Que quer dizer cativar?
– É algo quase sempre esquecido. Significa "criar laços".
(pág. 68)


Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos.
(pág. 72)


Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.
(pág. 74)


Se tu amas uma flor que se acha numa estrela, é bom, de noite, olhar o céu. Todas as estrelas estão floridas.
(pág. 86)

Corpos

sexta-feira, 15 de março de 2013



Teu corpo delgado, franzino, adorado
Teu corpo molhado com gotas de orvalho
Teu corpo sozinho às vezes perdido
Teu corpo cansado de tanto esperar

Teu corpo risonho que ri-se de mim
Teu corpo de amante que fica arfante
Teu corpo, teus lábios, o beijo roubado
Teu corpo contorce, um pouco esnobe

Teu corpo que queima, que chora na cama
Teu corpo que cai, sobrevive e não se entrega

Teu corpo moreno com o sabor da alvorada
Teu corpo trêmulo que me pede um abraço

Teu corpo que sonha com o meu à noite
Teu corpo que une-se às minhas partículas
Teu corpo dançante com carne e sem carne

Nossas almas que encontram-se na eternidade.


O Retrato de Martino Rodriguez

quinta-feira, 7 de março de 2013

O exemplar da revista estava no mesmo lugar que deixara, lacrado. Com as mãos trêmulas, ele a pegou da mesa de centro, retirando o plástico com avidez. Folheou a revista rapidamente até achar a matéria que procurava:


ENTRE O HUMANO E O GROTESCO
Entrevista com Martino Rodriguez

Desde sua primeira exposição, Rodriguez tem chamado a atenção dos críticos. Seja pelo seu estilo inovador, onde apaga as linhas que delimitavam a beleza e o grotesco, ou pela poesia presente em suas pinturas, Martino Rodriguez é uma das maiores apostas brasileiras. Com exclusividade, ele nos concedeu esta entrevista, em que fala…


Parou de ler nesse ponto. As palavras que viriam depois não lhe interessavam. Jogou a revista de lado e seguiu para seu ateliê, no quartinho dos fundos. Lá, segurou seus pincéis e fitou o retrato que estava pintando. Martino o olhou como se contivesse algum segredo que não sabia e nem queria interpretar. Suas mãos grandes apertaram com força os pincéis, que se quebraram. Ele nem percebeu, ainda pensava na matéria que lera. Toda vez que via essas entrevistas e críticas sobre os quadros sentia-se mal; sentia-se menos artista.

Num rompante de raiva, estraçalhou a face gorda e fria que estampava a pintura inacabada; rasgou o brilhou maldoso dos seus olhos e a mão branca em prece. E quando só restava pedaços dispersos, sentou-se no chão e chorou, até que ouviu um rumor.

Antes que pudesse levantar-se, alguém entrou no ateliê. Alguém parecido com ele e, no entanto, estranhamente diferente.

– O que aconteceu? – o homem perguntou.

Martino levantou-se.

– Nada…

O homem olhou para os pedaços do quadro no chão e suspirou.

– Sei. Era uma boa pintura, mas você pode fazer outra, claro. A nova exposição é daqui a algumas semanas.

Martino deteve-se em frente ao outro. Admirou sua beleza etérea e perfeita, exatamente oposta a sua. Enquanto o recém-chegado era alto, de aparência simpática e semblante cativante, Martino parecia grande, mau e feio, embora não o fosse.

– Não vai ter mais nenhuma exposição – ele falou.

– Como assim? Acha que não terá quadros suficientes até lá?

– Só estou cansado – Martino começou, calma e decididamente. Já estava na hora dele se autoimpôr. – Eu percebi que não posso continuar com isso. Eu tenho que ser eu mesmo, não um personagem que inventei em meu temor. Devia ter confiado mais em mim e na minha arte…

Parou de falar por um instante e o homem aproveitou a deixa.

– Está louco? E tudo que eu fiz por nós? Por você? Eu te ajudei, te mostrei ao mundo, te dei o brilho que faltava. Foi você, desde o início, que não quis aparecer publicamente e me criou para isso. O que seria das entrevistas, das apresentações, sem a minha desenvoltura? Você, Martino Rodriguez, nunca poderia ser popular como eu fui.

Martino pensou no que ele disse. Estava certo, em parte. Ao invés de enfrentar o medo de não ser aceito, ele resolvera pintar sua alma num quadro, bela como ela era. E pedira, rogara, que seu quadro criasse vida, que o ajudasse. Dádiva ou maldição, ele foi atendido. Sua alma começou a representá-lo na mídia, mas Martino logo deixou de regozijar-se com sua fama; não sentia-a como realmente dele.

– Não devia ter te pintado – sussurrou. – Você é uma aberração.

O homem, a cópia de Martino, riu.

– Se olhe. E me diga quem é a aberração aqui. Eu sou a sua melhor parte, que você nunca terá de volta. Eu sou seu cerne; sem mim, você não poderá pintar, será tão vazio quanto seus quadros. Você…

Não pôde completar a frase. De repente, ele começou a tremer, a derreter-se, tinta pingando dos olhos, das mãos, da boca. Martino assistiu surpreso a esta transformação. Em poucos minutos, só restava uma poça colorida do que antes fora sua alma.

(06/03/13)

Desaguar

segunda-feira, 4 de março de 2013



Eu sou teu rio
 
Eu jorro, me derramo,
fluo e caio em teu peito
Com as águas puras da minha alma
 
O meu amor não se esgota
é fonte, é olho d'água
Que corre pelo teu sangue
transbordando nos teus lábios infatigáveis
 
Eu sou teu rio,
 
Mas tu és o próprio mar
Onde eu deságuo - infinitamente
e onde nos transformamos num só
 
 
Martino Rodriguez
in 50 poesias para Amélia







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